CTPP

O que é CTPP (Certificado para o Transporte de Produtos Perigosos) e como obtê-lo?

Sumário

CTPP: seu negócio seguro e em conformidade com a lei

E aí, gestor! Já parou para pensar na responsabilidade que é transportar produtos perigosos? Uma simples falha pode causar danos irreparáveis, tanto ao meio ambiente quanto à sociedade. É por isso que a certificação CTPP se torna tão importante.

Mas afinal, o que é esse tal de CTPP? Qual a sua função? E como ele garante a segurança no transporte de produtos perigosos? Vamos explicar as etapas necessárias, visto que tratar desse tema exige atenção e seriedade.

O que é o CTPP?

CTPP é a sigla para Certificado para o Transporte de Produtos Perigosos. É um documento essencial emitido pela empresa fabricante do tanque atestando que o equipamento fabricado para transportar produtos perigosos a granel estão em conformidade com as normas técnicas e legais.

Imagine o CTPP como um “passaporte” para o transporte seguro. Sem ele — ou sem o CIPP, quando este for o certificado aplicável — o equipamento não está

autorizado a circular. É como tentar viajar para outro país sem o visto correto: o transporte pode até ocorrer em condições específicas, mas sempre dependerá da documentação válida exigida pela legislação.

Por que o CTPP é tão importante?

A importância do CTPP se resume em um único ponto: segurança. O CTPP garante que os equipamentos utilizados no transporte foram fabricados por empresas acreditadas observando-se os critérios de segurança, e reduzindo significativamente os riscos de acidentes, vazamentos e contaminações.

Mas a segurança não é o único benefício. Ao possuir o CTPP, você demonstra compromisso com a legislação e com a responsabilidade social, o que pode abrir portas para novas oportunidades de negócio.

O arcabouço legal do CTPP

O CTPP é regulamentado por diversas leis e normas. A principal referência é a Resolução ANTT nº 5998/2022, que disciplina os requisitos técnicos e administrativos para a certificação. Além dela, aplicam-se portarias do Inmetro que tratam da acreditação dos OCPs e normas técnicas da ABNT específicas para equipamentos e veículos, bem como outras resoluções da ANTT que compõem o Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos (RTPP).

A Resolução ANTT nº 5998/2022 estabelece regras claras para garantir que os equipamentos usados no transporte de produtos perigosos estejam em conformidade com normas de segurança, prevendo ainda a responsabilidade das empresas no cumprimento rigoroso desses requisitos. Essa norma detalha os critérios técnicos, auditorias e manutenção do certificado, exigindo uma avaliação periódica dos equipamentos e processos envolvidos. Acompanhe os principais pontos que Resolução traz sobre o CTPP:

  1. Certificação e inspeção:
    • Certificação dos equipamentos: Todos os veículos e equipamentos de transporte de produtos perigosos a granel devem ser certificados por Organismos de Certificação de Produtos (OCP) acreditados pelo Inmetro, com a emissão do Certificado para o Transporte de Produtos Perigosos (CTPP).
    • Inspeção: Equipamentos envolvidos em acidentes ou avariados de forma a comprometer a segurança do transporte devem ser encaminhados após o reparo, para nova avaliação pelo OCP.
  2. Documentação obrigatória:
    • Veículos ou equipamentos contendo produtos perigosos só podem circular acompanhados dos seguintes documentos, apresentados corretamente preenchidos e legíveis:
      • Originais do CTPP ou do CIPP, conforme aplicável, e do Certificado de Inspeção Veicular (CIV), no caso de transporte a granel, dentro da validade, emitidos emitidos pelas empresas acreditadas pelo INMETRO.
  3. Obrigações do transportador:
    • Transportar produtos perigosos a granel de acordo com o especificado no CTPP ou CIPP.
    • Manter os documentos sempre disponíveis durante todo o transporte e apresentá-los à fiscalização quando solicitado.
    • Garantir que os equipamentos utilizados estejam devidamente certificados e em conformidade com os prazos de validade.
  4. Obrigações do expedidor:
    • Não embarcar produtos perigosos em equipamentos sem CTPP ou CIPP válido.
    • Verificar a autenticidade dos documentos apresentados pelo transportador e assegurar-se de que correspondem ao equipamento utilizado.
    • Somente liberar cargas acompanhadas dos Selos de Identificação da Conformidade do Inmetro, quando exigidos.
  5. Fiscalização e infrações:
    • A ANTT é o órgão regulador central, responsável por estabelecer e coordenar as regras para o transporte de produtos perigosos. No entanto, a fiscalização prática não é exclusiva da Agência: ela é realizada em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal e, em muitos casos, com órgãos estaduais conveniados, que podem atuar em rodovias e operações locais.Essa rede de fiscalização tem por objetivo garantir o cumprimento da Resolução n. 5998/2022 em todo o território nacional, assegurando a segurança pública, ambiental e a integridade física das pessoas.
    • Essa rede de fiscalização, formada pela ANTT, Polícia Rodoviária Federal e órgãos estaduais conveniados, tem competência para aplicar medidas em caso de irregularidades. Infrações que configurem grave risco à segurança podem levar ao recolhimento do CTPP ou CIPP e a apreensão do veículo até a regularização, nos casos de:
      • Apresentar adulteração.
      • Estar vencido.
      • Apresentar rasuras ou anotações que dificultem a leitura das informações.
  6. Infrações do transportador (Art. 23 da Resolução 5998/2022):
    • Transportar produtos perigosos sem portar o CTPP ou CIPP correspondente.
    • Transportar com CTPP ou CIPP vencido, ilegível, adulterado ou preenchido incorretamente.
    • Utilizar documentos que não correspondam ao equipamento efetivamente empregado no transporte.
    • Deixar de apresentar CIV válido e legível, quando aplicável.
  7. Infrações do expedidor (Art. 35 da Resolução 5998/2022):
    • Expedir produtos perigosos em equipamentos sem CTPP ou CIPP válido.
    • Expedir sem exigir do transportador a apresentação dos certificados originais, em validade e legíveis.
    • Expedir em veículos sem CIV ou com documentos preenchidos incorretamente.
    • Expedir sem os Selos de Identificação da Conformidade do Inmetro, quando exigidos.

Vale enfatizar que:

  • O transportador e o expedidor têm responsabilidades distintas e complementares quanto à certificação e à documentação dos produtos perigosos a granel, definidas nos Arts. 29 e 35 da Resolução ANTT nº 5998/2022.
  • A fiscalização, realizada pela ANTT e por órgãos conveniados como a Polícia Rodoviária Federal, visa garantir a segurança pública, ambiental e a integridade física das pessoas.
  • Infrações graves podem resultar em multas, recolhimento do CTPP ou CIPP e sua baixa no sistema até a regularização.

É importante destacar que a legislação nesse setor é bastante complexa e está em constante atualização. Por isso, é fundamental contar com o apoio de profissionais especializados para garantir a conformidade legal do seu negócio.

CIV, CIPP E CTPP, qual a diferença?

É comum haver confusões entre os diferentes certificados necessários: o CTPP, o CIPP e o CIV. Vamos esclarecer essas diferenças. Acompanhe o resumo a seguir:

Primeiramente, vamos entender as diferenças entre CTPP e CIPP:

CTPP (Certificado para o Transporte de Produtos Perigosos):
O CTPP é o documento emitido pelo fabricante do equipamento de transporte de produtos perigosos, atestando que o mesmo foi fabricado de acordo com as Instruções técnicas do Inmetro.

CIPP (Certificado de Inspeção para o Transporte de Produtos Perigosos):
O CIPP é um documento emitido após a avaliação de segurança do equipamento, pelos Organismos acreditados pelo Inmetro. Quando do vencimento do CTPP, o equipamento deverá ser submetido à avaliações de segurança e integridade pelo OCP, que irá emitir o CIPP, substituindo o CTPP.

Rocha Cerqueira
rocha cerqueira

O CTPP é exigido para equipamentos novos, enquanto o CIPP é aplicável em inspeções regulares ou após manutenções/reavaliações.

E você está se perguntando: e a função do Certificado de Inspeção Veicular (CIV)?

O CIV também se relaciona ao transporte de produtos perigosos a granel, mas não é uma vistoria veicular comum. Trata-se do Certificado de Inspeção Veicular específico para transporte de produtos perigosos a granel, com foco em itens de segurança como sistema de freios, tanque, válvulas e demais componentes críticos. Enquanto o CTPP e o CIPP se concentram no equipamento de transporte, o CIV atesta que o veículo, foi inspecionado e está apto à transportar produtos perigosos.

Para circular, os veículos devem apresentar CTPP (ou CIPP, conforme aplicável) e o CIV, no caso de transporte a granel.

Resumo dos Certificados:

  • CTPP ou CIPP: Certificam o equipamento de transporte de produtos perigosos a granel.
  • CIV: Certifica o próprio veículo, assegurando que está apto e seguro para transportar esses produtos.

Esses certificados se complementam, garantindo que tanto o equipamento quanto o veículo estejam em conformidade com as normas de segurança.

Como obter o CTPP?

O processo de obtenção do CTPP envolve as seguintes etapas:

  • Análise dos equipamentos: Um Organismo de Certificação de Produtos (OCP) avalia se os equipamentos utilizados atendem aos requisitos técnicos definidos pela legislação.
  • Documentação: A empresa deve fornecer documentos como projetos, laudos técnicos e certificados de qualidade, comprovando que os equipamentos seguem as normas exigidas.
  • Auditoria: O OCP realiza uma auditoria nas instalações da empresa para verificar se os processos de transporte e manutenção dos equipamentos estão de acordo com os padrões estabelecidos.

A importância dos Organismos de Certificação de Produtos (OCP)

Os OCPs (Organismos de Certificação de Produtos) são entidades acreditadas pelo Inmetro para realizar a avaliação e certificação dos equipamentos utilizados no transporte de produtos perigosos. Eles atuam como uma terceira parte imparcial, garantindo a qualidade e a confiabilidade do processo de certificação.

Para saber quais são os organismos de certificação autorizados, basta consultar o site oficial do Inmetro, que disponibiliza a relação das empresas acreditadas para essa atividade.

Os riscos de transportar produtos perigosos sem o CTPP

Transportar produtos perigosos sem o CTPP é um risco que não vale a pena correr. Além das multas e sanções administrativas, você pode ser responsabilizado por eventuais acidentes, o que pode gerar prejuízos financeiros e danos à sua imagem.

Lembre-se: a segurança é um investimento, não um custo. Ao obter o CTPP, você estará protegendo o seu negócio, os seus colaboradores e o meio ambiente.

O que empresas que contratam transporte de produtos perigosos devem observar?

As empresas que contratam transportadoras para o transporte de produtos perigosos também têm responsabilidade e devem observar alguns pontos importantes. Antes de contratar, é essencial verificar se a transportadora possui o CTPP válido, garantindo que os equipamentos utilizados estão em conformidade com as exigências legais. Além disso, é recomendável realizar auditorias periódicas e acompanhar o cumprimento das normas de segurança ao longo de todo o transporte. Dessa forma, a empresa garante que não será corresponsável por incidentes envolvendo o transporte inadequado desses produtos.

Palavras finais

O CTPP é um documento fundamental para quem trabalha com o transporte de produtos perigosos. Ao garantir a segurança e a conformidade legal, o CTPP contribui para a sustentabilidade do seu negócio e para a preservação do meio ambiente.

Não deixe de buscar informações atualizadas sobre a legislação e as melhores práticas do setor. A segurança no transporte de produtos perigosos é um assunto sério e exige uma atenção contínua. Para uma gestão inteligente de requisitos legais, tanto no transporte de produtos perigosos quanto no amplo arcabouço de legislações e regulamentações que impactam seu negócio, conheça o Qualifica NG.

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Juliana de Oliveira Soares

Sócia na Rocha Cerqueira Sociedade de Advogados. Graduada em Direito pela PUC/MG; Especialista em Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável pela FUMEC/MG. Auditora Líder de Sistema de Gestão Integrado Auditor Líder ISO 9001, ISO 14001, ISO 45001. Experiência em Direito Empresarial, Ambiental e Tributário; Membro da Comissão Estadual de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências Ambientais com Produtos Perigosos – CEP2R2 Minas; Assessora Jurídico-Ambiental da FETCEMG e SETCEMG.

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OAB MG 3.057

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