Notadamente a crise climática deixou de ser uma previsão e se apresenta como novo normal; alteração nos regimes de chuvas e temperatura, além dos cotidianos eventos climáticos extremos, podem ser relatados em diversos locais ao redor do globo terrestre. Por isso, temas como sustentabilidade no futuro se tornam tão importantes.
A antiga noção de que a sustentabilidade é uma questão secundária, relevante apenas em tempos de prosperidade econômica, não se sustenta mais no contexto atual de crise climática. A sustentabilidade tornou-se uma necessidade urgente e contínua, e não uma opção.
O desenvolvimento sustentável visa equilibrar as demandas humanas com a capacidade do planeta, algo cada vez mais crítico. Os R’s da Sustentabilidade — Repensar, Reduzir e Reutilizar — oferecem um roteiro prático para incorporar práticas sustentáveis em nossas vidas.
Repensar nossos hábitos de consumo, reduzir o desperdício e reutilizar produtos são passos essenciais para mitigar os efeitos adversos das mudanças climáticas.
Qual a importância da sustentabilidade para o futuro?
Na esteira desta infeliz nova normalidade, a temática do ESG ou ASG, em bom português, emerge como um importante mecanismo de avaliação financeira de valoração das ações de uma companhia. Tais instrumentos permitem ao ente privado atribuir maior valor de mercado aos seus negócios, em face de suas metas, seus objetivos e as práticas ambientais, sociais e de governança.
Embora ainda não tenhamos um consenso quanto às suas formas de implementação, o que observamos é a disseminação de instrumentos regulatórios, práticas de gestão e delimitação de critérios e metodologias para implementação do ASG no setor corporativo.
Chamou atenção, no campo regulatório, a recente publicação pelo Conselho Monetário Nacional das Resoluções CMN 4.943, 4.944 e 4.945. Dentre as principais inovações, está o aprimoramento das regras de gerenciamento dos riscos socioambientais e climáticos aplicáveis às instituições financeiras, bem como uma melhor conceituação regulatória desses riscos.
As novas regras de gerenciamento de riscos têm como foco o tratamento da possibilidade de perdas para as instituições financeiras reguladas. A norma redefine o risco social, relacionado a práticas de violação de direitos e garantias fundamentais ou de interesses comuns, e o risco ambiental, associado a atos de degradação do meio ambiente.
Conjuntamente, são introduzidos os conceitos de risco climático de transição relacionado ao processo de transição para uma economia de baixo carbono, e de risco climático físico, relativo à ocorrência de intempéries frequentes e severas ou por alterações ambientais de longo prazo que possam ser associadas a mudanças em padrões climáticos.
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Outro importante exemplo da necessária adaptação e incorporação ao ambiente ESG, advém das regras e dos instrumentos de financiamento no âmbito do comércio internacional. A China, o maior parceiro comercial do Brasil, após implementar mudanças internas em sua política ambiental, vem incorporando, em seus preceitos constitucionais, um conceito de uma “civilização ecológica” e, em paralelo, fortalecendo os instrumentos de comando e controle. Atua no cenário geopolítico para alterar seu papel de antigo vilão do clima e consolidar-se como exemplo a ser seguido para um futuro sustentável.
Um exemplo de política interna que trouxe enorme ganho ambiental ao país foi a implementação da grande muralha verde no Deserto de Kubuqi, investimento de longo prazo no plantio de árvores em escala nunca antes vista para conter o avanço dos efeitos nocivos da desertificação.
É possível um futuro sustentável?
Sim, vejamos alguns exemplos. A China vem estabelecendo em suas relações no âmbito do comércio internacional padrões para investimento em ações sustentáveis. Um exemplo que impacta diretamente as atividades do agronegócio brasileiro é o financiamento sustentável obtido pela multinacional agrícola de alimentos chinesa Cofco. Concedido por 7 bancos globais no valor de R$770 milhões com taxas de juros reduzidas, para investir no alcance das metas de sustentabilidade da organização.
O financiamento está vinculado às metas de sustentabilidade acordadas, assim, os juros serão descontados conforme a efetividade dos resultados alcançados.
Dentre as metas definidas está o rastreamento de toda cadeia de soja comprada de fornecedores diretos no Brasil até 2023, permitindo que seja identificado se a produção provém de áreas de desmatamento legal. Cabendo à empresa adquirir soja apenas de produtores que comprovem que sua produção agrícola está em conformidade com a legislação florestal e fundiária brasileira.
O que fazer para um futuro sustentável?
Os dois exemplos citados demonstram que as pautas em sustentabilidade têm, cada vez mais, permeado as relações financeiras dos negócios. Afora os aspectos envolvendo a gestão de riscos e a gestão legal, as práticas aderentes a um modelo ESG são essenciais para a perenidade dos negócios, exigindo dos empreendedores grande capacidade de adaptação e planejamentos para além dos lucros imediatos de suas operações.
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